terça-feira, 9 de março de 2010

Depois de 82 anos Kathryn Bigelow é a primeira! comemorou bem o dia da mulher


Depois de 82 anos a academia resolve premiar uma mulher como melhor Diretora!

A Academia jamais havia premiado um filme tão diretamente relacionado às ações de norte-americanos em guerra. Guerra ao Terror é o oitavo vencedor do prêmio de melhor filme a dar papel proeminente a soldados norte-americanos em combate, mas o primeiro a vencer enquanto a guerra mostrada nas telas continua a ser travada na vida real.

O cinema mal existia quando a Primeira Guerra Mundial estava em curso (mas Wings, vencedor de um Oscar posterior, toma esse conflito como cenário). O Vietnã havia sido abandonado anos antes que Platoon, The Deer Hunter e Forrest Gump despertassem lembranças sobre aquele conflito entre os espectadores. Os veteranos da Segunda Guerra Mundial esperaram quase uma década antes que A Um Passo da Eternidade relatasse suas experiências na tela e conquistasse o Oscar, e ainda mais para que A Ponte do Rio Kwai e Patton levassem o prêmio como melhores filmes.

Outro dos traços que a Academia costuma reconhecer e está presente em Guerra ao Terror ¿o fato de que tenha sido um fracasso de bilheteria merecedor de consolo- pode resultar em suposições incorretas sobre o filme. Ele teve a menor bilheteria entre todos os trabalhos premiados como melhor filme, e muita gente só está descobrindo agora, com o DVD, até que ponto a história é apolítica.

Guerra ao Terror não é um filme de guerra típico da era pós-Vietnã. Bigelow não é um Michael Moore ralhando contra o envolvimento norte-americano no Iraque. Ela não é Sean Penn ou Jane Fonda, pronta a aceitar acusações de apoiar o inimigo porque discorda das posições de seu país. Determinar se a guerra do Iraque tem ou não motivos justos é algo que nunca é discutido no filme.

Guerra ao Terror gira essencialmente em torno das botas pisando o chão, e dos seres humanos que as usam ¿soldados devotados (um deles, interpretado por Jeremy Renner, devotado até o limite da irresponsabilidade), e dotados de um senso inabalável de dever. A dedicatória apaixonada do prêmio aos soldados norte-americanos que Bigelow e o roteirista Mark Boal proferiram ao aceitar seus prêmios não foi pronunciada da boca para fora; os dois discursos representavam extensões naturais do filme, que tem por base as experiências de Boal como correspondente de guerra no Iraque.

É claro que a escolha incomodou muitos dos espectadores mais convencionais, que se apegavam à esperança de que um filme que tenham visto possa um dia vencer um Oscar. A maioria deles era formada por fãs devotados de ficção científica que torciam por ¿Avatar¿, e provavelmente adorariam ostentar a maquiagem Na¿Vi espetacular que Ben Stiller levou ao palco no domingo.

Avatar com certeza mudou o cinema; é uma maravilha técnica que influenciará para sempre a maneira pela qual filmes são produzidos e exibidos. Mas a noite do Oscar é a única do ano, em Hollywood, na qual o dinheiro costuma ser derrotado pela posteridade ¿uma exibição prematura de senso de propósito da parte de um setor caracterizado pela frivolidade.

Avatar é o cinema do futuro. ¿Guerra ao Terror¿ foi o filme do momento.

by terra